2023.
Em dois momentos de 2023, visitei a APA no Leste do Rio de Janeiro, e uma característica que me chamou a atenção foi a presença de dois "níveis" na região. Um primeiro, mais baixo (<20m acima do nível do mar), é uma planície de inundação com influência fluvio-marinha, formada por sedimentos recentes arenosos e os solos provenientes deles (Neossolos, Argissolos e Latossolos). O outro nível, mais alto, é formado por morros cristalinos isolados, formados por rochas do Mesoproterozoico. A composição é típica do planalto cristalino no Sudeste, mas aqui eles estão muito mais dissecados. Dão origem a Cambissolos e Latossolos.
A planície de inundação, correlata àquela onde se desenvolve o centro do Rio de Janeiro, foi vista por Ab'Saber como uma evidência de um aumento do nível do mar no Holoceno inferior. De fato, isso explicaria a natureza dos sedimentos e o quão arrasados estão os morros. É fácil imaginar essa área totalmente alagada, cada morro sendo uma pequena ilha.
Na parte alta (Parque Ecológico Mico Leão Dourado), a vegetação era típica de Mata Atlântica, com grandes Lecythidaceae, Fabaceae Moraceae e Malvaceae. Nas bordas dos fragmentos de mata, grandes concentrações de palmeiras (notoriamente Astrocaryum aculeatissimum) e grandes lianas lenhosas. Parecia haver alguma diferença entre sítios com declividades muito grandes e o resto.
Interessantemente, a vegetação não varia tanto, e na parte baixa (em Poço das Antas) havia um indivíduo de Jequitibá com >30 m de altura, além das mesmas famílias típicas da Mata Atlântica fluminense. O Rio São João é um correguinho preguiçoso com canal raso e que quase não mexe seus sedimentos, herdados de uma época anterior. Nos locais onde passava esse curso d'água, se desenvolvia alguma vegetação mais típica de solos arenosos, como Cyperus sp..
Já na ReBio União, alguns pontos contavam com turfeiras de metros de profundidade. Aí, se desenvolvia uma vegetação de pântano, dominada por Heliconia sp.
Comments
Add a Comment